terça-feira, 6 de setembro de 2011

35º Dia - Tur por Pasto (Colômbia)

Editado por Bamberg

35º dia – 02 de Setembro de 2011

Tur em Pasto - Colômbia

Bom pessoal, o dia mal raiou e já iniciou o agito em nosso hotel para o tur em direção a Laguna de La Cocha (língua quéchua), numa ilha chamada Corota que mais tarde todos puderam comprovar que ela possui uma energia muito positiva, para que todos pudessem recarregar as baterias e esquecerem pouco do stress diário de nossas vidas de trabalho.

Depois de mais ou menos 40 km rodados dentro de uma Van, chegamos ao porto onde existem várias lanchas, que fazem o deslocamento deste o porto por vias de canais de água através do lago e posteriormente com chegada a ilha.  O lugar é realmente muito bonito e maravilhoso, pois na chegada ao porto já se pode constatar um jardim florido, as características das casas também reflete isso, muita simplicidade, arquitetura específica, com varandas todas ajardinadas e muito bem cuidadas com esmero e capricho de todos os habitantes.



Depois de transpormos o trajeto pelo lago, chegamos a Isla de La Corota que possui um santuário de flora e fauna que está protegida pelo sistema de Parques Nacionais da Colômbia  e a primeira construção que encontra é uma igreja, onde todos fizeram uma oração para pedir a benção de Nossa Senhora Virgem Maria para que nos proteja durante a viagem e que siga os nossos passos sempre vigilante.

Depois todos fizeram o passeio a pé pelo bosque durante um percurso de em torno de 30min pela mata, onde se pode contemplar muitas flores, principalmente bromélias muito coloridas na cor vermelha. A cada passo adiante, pode-se constatar que realmente o local é fantástico, onde a mão de Deus foi muito generosa e o momento nos foi presenteado com uma chuva bem fininha para molhar a todos que nem se importaram seguindo a caminhada para descobrir todas as beleza que a natureza nos oferecia e sempre muito bem orientadas pela esposa do Sr. Hernando, Dona Marta que gentilmente nos fez companhia como guia e nossa cicerone. 

Diga-se de passagem uma excelente guia, pois a Dona Marta é Diretora dos cursos de Administração, Contabilidade e Engenharia de Sistemas da Informação da Universidade de Pasto, portanto, com vasto conhecimento sobre diversos assuntos, o que encantava à todos do nosso grupo.


















Enquanto isso o nosso irmão Hernando ficou providenciando o nosso almoço em um restaurante com um pessoal conhecido dele e para nossa surpresa na volta nos presenteou com um delicioso almoço a base de Trutas, porém antes disso como entrada e para espantar o frio nos foi servido uma bebida quente chamada “hervido”, com vários sabores como, maracujá e amora. 

Chama a atenção que os restaurantes normalmente são muito simples e aconchegantes e o pessoal de atendimento normalmente muito bem treinado, respeitoso e atencioso. Todos foram acomodados num cômodo reservado onde ao centro estava instalada uma bandeja redonda em ferro cheia de carvão aceso para aquecer o ambiente, pois fazia muito frio em virtude da garoa fina.









A todo momento o Sr. Hernando fazia questão de lembrar da hospitalidade que o mesmo havia recebido durante a sua estada em São Miguel do Oeste o que nos alegrava muito sempre que o mesmo fazia referência a nossa cidade.

Eu não poderia deixar de fazer referência sobre uma passagem muito triste da vida do nosso anfitrião e claro, escrevo isso com a devida permissão do mesmo, pois quando ele esteve nos visitando, durante um jantar que oferecemos a ele, a conversa girava em torno da nossa viagem e eu dizia a ele que não poderia fazer a viagem por causa da minha agenda de trabalho. Nesta oportunidade o mesmo me contou o que havia acontecido para ele num determinado momento de sua vida.

O Sr. Hernando é médico radiologista e possuía vária clínicas e por conseqüência uma quantidade razoável de dinheiro, bens, aras com criação de cavalos e me contava ele que naquela época o mesmo trabalhava muito para acumular bens.

Num domingo de manhã ele e seu filho estavam fazendo um passeio a cavalo quando foram interceptados por um grupo de guerrilheiros armados e o mesmo foi seqüestrado e levado ao cativeiro. Os seqüestradores eram guerrilheiros da FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), e todo o trajeto até o cativeiro foi feito com os olhos vendados, sendo um trecho, num veículo e posteriormente muitas horas de caminhada sem saber para onde ele estava sendo levado. Chegando ao cativeiro o mesmo foi aprisionado num cercado com tela, com acomodações e comida precária e vigiado dia e noite.

Assim o mesmo permaneceu durante dois anos e seis meses, sendo que a família só teve notícias do mesmo depois de dois anos, quando começaram as negociações de resgate e o resultado disso foi da obrigatoriedade da venda de todo o patrimônio que o  mesmo possuía e depois de seis meses de negociação o mesmo foi libertado.

A título de informação, na Colômbia existem dois grupos guerrilheiros, um chamado FARC (Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia) e outro ELN (Exército da Libertação Nacional) e os dois grupos surgiram com uma ideologia política própria, porém hoje isso não existe mais e sim todos os dois grupos estão voltados a proteção do narcotráfico, às regiões cocaleiras, inclusive sendo um problema grave na Colômbia, pois os jovens são recrutados a força, principalmente filhos de famílias pobres da cidade e de agricultores no interior do país, sendo obrigados a ingressar na guerrilha sob pena da família receber retaliações.

Essas guerrilhas para se manter, fazem seqüestros de pessoas importantes com o objetivo de angariar dividendos e também a proteção, pois com toda a tecnologia disponível através de espionagem por satélites, com certeza não seria difícil fazer um ataque relâmpago e terminar com tudo, porém, existem reféns no meio do grupo que com certeza representam muito e seriam vidas que estariam correndo o risco de morte.

O Sr. Hernando ao contar a sua história de vida, chegou a se emocionar e uma lágrima discreta correu no seu rosto, momento muito singular para mim, pois dizia ele, “hoy solo trabajo 10 meses al año y reservo dos meses para mim”, ou seja, mudou completamente o seu estilo de vida, reservando pelo menos dois meses por ano para viajar e sempre de moto.

Foi com esse relato comovente que ele fez, que eu mudei completamente os planos e fui ajustando a minha agenda para hoje poder estar participando desta fascinante viagem que ora estamos relatando. Com certeza todos que estão lendo isso devem conhecer alguém muito próximo que tem todas as condições financeiras, e nunca saíram de casa. Isso não quer dizer que todos nós do grupo de viagem sejam pessoas abonadas, e sim, somos pessoas que durante mais de dois anos estão fazendo o planejamento e a poupança mensal para poder realizar o sonho de participar dessa viagem.

Bem amigos, continuando o relato de nosso tur, logo após o almoço, retornamos a Pasto, cidade localizada a 3.300m acima do nível do mar e está situada ao lado do Vulcão Galeras, um vulcão que está ativo e vez por outra acontecem explosões e o mesmo emana cinzas e pedras incandescentes, deixando todos os seus 500.000 habitantes muitas vezes apreensivos.

Pasto tem a sua economia baseada na produção do café, uma cidade muito bonita, com alguns traços de arquitetura antiga muito bem preservada. É nesta cidade que termina o caminho Inca que se estendia até Pasto.

Caminho Inca era o nome que chamavam ao extenso caminho construído durante o Império Inca pelos servos do Inca. Convergem na cidade de Cuzco. Foi usado por conquistadores espanhóis para dirigir-se a Bolívia, Chile e aos pampas das cordilheiras Argentinas.

Durante o Incanato, todos os caminhos da América do Sul conduziam a Cuzco (no nome quéchua significa “umbigo do mundo”), uma das metrópole mais importantes da América, herdeira de uma tradição cultural milenar.
Os Incas fizeram caminhos que integravam todo o Império de norte a sul e de leste a oeste, e entre vários criam quatro caminhos principais:
De Cuzco a Quito no Equador, com um ramal a Pasto na Colômbia, outro de Nazca (centro do Perú) a Tumbes (fronteira de Perú e Equador), outro de Cuzco a Chuquiago (La Paz, Bolívia), outro de Arica ao Atacama (Chile), com ramais desde o rio Maule (Chile) ao Tucumán (Argentina).

O caminho mais importante era El Cápac Ñan (caminho real), com uma distância de 5.200 km, que se iniciava em Quito no Equador, passava por Cuzco e terminava em Tucumán na Argentina. Este caminho atravessava montanhas e serras, com alturas de mais de 5.000 m de altitude em relação ao nível do mar. O caminho da costa (caminho de los Llanos) tinha uma extensão de 4.000 km, passava paralelamente ao mar e unia com o caminho El Cápac Ñan por várias conexões.

Tanto o caminho de Cápac Ñan como o caminho da Costa existiam nas conjunções os chamados Tambos (Armazém de alimentos) onde os grãos e outros alimentos eram armazenados e que eram usados pelo exército imperialista Inca quando saíam em campanhas de conquistas ou serviam para abastecer as migrações de pessoas.

Tivemos o prazer de desfrutar de um belo passeio e antes de retornar ao hotel todos passaram pela oficina onde estavam as motos para serem revisadas. Chegando ao local, pudemos constatar que a moto do Paini e Filipi ainda não estavam prontas, principalmente por causa de peças que estavam sendo providenciadas de outra cidade. Mas todo o serviço foi terminado no mesmo dia e tudo em dia para a continuação da viagem para o outro dia.

A noite, novamente fomos surpreendidos pelo magnífico local que o nosso anfitrião reservou para que todos fossem jantar, inclusive nos presenteou com a companhia de mais dois casais de motociclistas, Álvaro (Arquiteto) e a Carol e o Jaime (Médico) e Geni, inclusive o Jaime fez um estágio de especialização no Rio de Janeiro na área de dermatologia, período que proporcionou à ele uma boa dicção para o português.
Foi uma noite agradibilíssima, com um prato típico a base de carne de frango, suína e bovino grelhadas na prancha e regada com uma bebida típica da região chamada “Nariño”, sendo que, acredito que todos saíram do restaurante com as orelhas bem calientes e os pés redondos.

Pode-se dizer, que a noite toda foi de brindes pela amizade, pela saúde, ou seja, a todo o momento era motivo para brindar e uma das palavras mais escutadas na noite era: “Salud, salud, salud e o barulho, tim tim, tim tim”. 












Bem amigos internautas, por hoje é só e amanhã continuaremos a nossa viagem com a promessa de sermos escoltados por motociclistas de Pasto até a divisa do Equador.
Um forte abraço.

Att
Bamberg

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